Uma madeira arranhada, passo por cima, entro no mármore. Despeço-me das pesadas vestimentas,uma por uma, lentamente... Sons ao jorrarem a liberdade de se estar escalvado, cascata sonora. Na pele, um frio, um calor e um tanto faz. Não vejo mais com a clareza e pureza, mesmo sendo tão pura e clara o que passa pelos olhos, a visão agora é imperfeita, é baça. Aos poucos uma essência confunde meu olfato. E agora, com todos os sentidos aguçados, desordenados e desanuviados, ali esqueço do mundo, esqueço da vida que passa e dos segundos que levam até a minha próxima respiração, afogada pela própria palma da minha mão. Os poros se abrem aos poucos, as pontas dos dedos começam a murchar e toda calmaria vai embora com o fim da correnteza.
Como o sol que nasce, prontifica e morre todo dia, o banho termina e a vida segue, sempre segue.
sábado, 6 de novembro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Rótulo.
-Do latim rotulus, -i, pequena roda.
1.dístico, etiqueta, letreiro.
2.Dístico na lombada dos livros.
3.Ralo ou pequena grade em portas, janelas, etc.
4.Pergaminho em que se escrevia.
5.Designação ou característica definidora, geralmente de carácter! redutor, atribuída a algo ou alguém.
Somos rotulados? Nos rotulamos? Queremos nos rotular?
Mario Quintana
1.dístico, etiqueta, letreiro.
2.Dístico na lombada dos livros.
3.Ralo ou pequena grade em portas, janelas, etc.
4.Pergaminho em que se escrevia.
5.Designação ou característica definidora, geralmente de carácter! redutor, atribuída a algo ou alguém.
Somos rotulados? Nos rotulamos? Queremos nos rotular?
Eu sempre pensei nisto numa forma ampla, pensava que a vontade humana de se encaixar, como uma etiqueta dentro de uma roupa, seria na verdade o desejo humano de pertencer ao grupo dominante, seja ele o do meio artístico ou político e ou o que mais tivesse próximo da realidade cotidiana.
Mas foi pensando no verbo rotular que veio a idéia de coisa negativa, ninguém quer ser rotulado para ter a aparência da pessoa ao lado ou o pensamento, na verdade, a ambição de ser diferente é muito maior e parece que hoje em dia a juventude está tão vazia e sem identidade que a única coisa que resta para solidificar um pouco de amor próprio é querer ser totalmente diferente da maioria.
Vejamos pelo viés histórico: os negros, os judeus, os povos pagãos, os comunistas, os cientistas... Todos perseguidos por um simples e único fato, eram diferentes, eram tão diferentes que traziam pavor e curiosidade para a maioria, ao mesmo tempo. A diferença já foi culpada por atos genocidas desde o tempo em que não havia o conceito de soberania. O que torna tudo complexo? A diferença que foi antagonista durante séculos agora se torna protagonista principal da trama contra o novo antagonista, a semelhança.
Eu queria entender o que torna uma pessoa inferior à outra por ser parecida com os demais, por possuir ideologias populares, por ser a Ana Júlia dos Los Hermanos ou por ser seguidora literal do populismo? O que a torna pior? Se é por falta de convicção que seja o trunfo da cartada contrária, pois se alguém deixa de gostar de algo por ser notoriamente a escolha de uma maioria, provavelmente não entende o valor sentido da palavra convicção. Se é por garantia da escolha não ter sido subjetivamente única da pessoa, como iremos saber? Afinal , a escolha é a base da democracia, não é?
Eu já ouvi e li alguma teoria dominante sobre isto, mas nada que tenha me feito pensar o porque devemos criticar o rótulo que cada um escolhe para si, seja por escolha própria ou por escolha da maioria, a vontade de ser igual ou diferente cabe a kátharsis.
Ps: Analisando melhor este pensamento, caímos num silogisma básico, pois se as correntes dominantes agora pregam que não se seja rotulado, você ao ser diferente , está se rotulando.
"Seja um poema, uma tela ou o que for, não procure ser diferente. O segredo único está em ser indiferente."Mas foi pensando no verbo rotular que veio a idéia de coisa negativa, ninguém quer ser rotulado para ter a aparência da pessoa ao lado ou o pensamento, na verdade, a ambição de ser diferente é muito maior e parece que hoje em dia a juventude está tão vazia e sem identidade que a única coisa que resta para solidificar um pouco de amor próprio é querer ser totalmente diferente da maioria.
Vejamos pelo viés histórico: os negros, os judeus, os povos pagãos, os comunistas, os cientistas... Todos perseguidos por um simples e único fato, eram diferentes, eram tão diferentes que traziam pavor e curiosidade para a maioria, ao mesmo tempo. A diferença já foi culpada por atos genocidas desde o tempo em que não havia o conceito de soberania. O que torna tudo complexo? A diferença que foi antagonista durante séculos agora se torna protagonista principal da trama contra o novo antagonista, a semelhança.
Eu queria entender o que torna uma pessoa inferior à outra por ser parecida com os demais, por possuir ideologias populares, por ser a Ana Júlia dos Los Hermanos ou por ser seguidora literal do populismo? O que a torna pior? Se é por falta de convicção que seja o trunfo da cartada contrária, pois se alguém deixa de gostar de algo por ser notoriamente a escolha de uma maioria, provavelmente não entende o valor sentido da palavra convicção. Se é por garantia da escolha não ter sido subjetivamente única da pessoa, como iremos saber? Afinal , a escolha é a base da democracia, não é?
Eu já ouvi e li alguma teoria dominante sobre isto, mas nada que tenha me feito pensar o porque devemos criticar o rótulo que cada um escolhe para si, seja por escolha própria ou por escolha da maioria, a vontade de ser igual ou diferente cabe a kátharsis.
Ps: Analisando melhor este pensamento, caímos num silogisma básico, pois se as correntes dominantes agora pregam que não se seja rotulado, você ao ser diferente , está se rotulando.
Mario Quintana
segunda-feira, 8 de março de 2010
Soul survivor.
Queridos amantes da literatura,
Repeli com desprezo durante anos a leitura de livros que mostrassem alguma referência a teologia, não exerçam a crítica sem antes saber que eu não desprezava o autor ou muito menos o valor da obra, simplesmente não saberia qual seria minha reação diante do livro,sendo eu uma pseudo-incrédula.
De alguma forma esse livro caiu em minhas mãos, estava sob a cama da minha mãe quando o peguei, que diferente de mim não abre mão da leitura religiosa, sendo ela boa ou não, de qualquer forma quando li o título pensei que deveria ser mais um desses livros sensacionalistas sem muita credibilidade...
Ao passar as páginas vi algumas fotografias, uma me deixou curiosa, curiosa ao ponto de ler a legenda da foto que dizia:
Natoma Bay, navio da segunda guerra(...)
E fotos posteriores de pilotos da segunda guerra mundial... Pronto! Poderia até haver a divulgação de notícias exageradas pelo texto literário, mas uma coisa me chamava atenção, segunda guerra mundial.
Resolvi então ler o livro, se fosse aquela mesma porcaria de sempre, seria simples, eu fecharia o livro e continuaria com a minha descrença feliz.
O livro de fato era sobre algo místico, mas não era de forma alguma uma pregação evangélica ou uma fábula da bíblia. A narrativa muito bem elaborada de Ken Gross, estava ali, apenas mostrando como uma criança poderia trazer tantas dúvidas ao mundo adulto, ao mundo formado.
Não vou tentar argumentar o porque deste livro ter me trazido alguma crença, até porque já li e vi imagens que seriam mais chocantes que a própria sutilidade de Ken Gross, mas alguma coisa no livro me trouxe uma imagem diferente da própria religião e da própria fé humana.
Após a descoberta e a certeza de que o menino James teria sim, lembrado de imagens,fatos,nomes e histórias de uma vida passada, não encontramos entre a história da familia Leininger nenhuma forma de conversão religiosa, nenhuma publicidade , simplismente nada.
Na verdade acho que foi esse argumento que me trouxe alguma crença, somente esse.
"A mente que se abre para uma nova idéia, jamais retorna ao seu tamanho original. "
Albert Einstein.
Assinar:
Postagens (Atom)