sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Soldado.


Ando para frente como quem não tem passado para trás,
Ando em frente almejando ainda o canto dos sabiás,
Levanto a cabeça e sigo como fiel, rezando para deus me perdoar.

A luz do dia me incomoda muito, quando vejo todos os estragos nítidos, todos bem claros,
Não é aquela ferida ainda aberta ou o cheiro de carne podre que exalo,
O que vejo é pior, um buraco muito maior,
E não falo do buraco onde meus amigos estão enterrados.
Falo do vazio,
Solitário é o guerreiro que abandona sua casa.

De noite tenho frio, tenho medo, tenho tudo.
Tento apagar todas as imagens da minha cabeça,
Mas é impossível, porque mesmo sem elas, eu ainda ouço som.
Canto, canto como forma de prece, canto para esquecer todos os outros terríveis sons que ouço, Aos poucos minha música me acalma.
Letras e melodias são agora minha família.

Um dia sei que vamos nos encontrar, então marcho,
Marcho por você, meu amor.
Levanto a cabeça na direção do sol e lá estou eu,
Vestido para mais um dia de branco, de preto e de moribundo.

sábado, 7 de janeiro de 2012

novo ano.


Cinzas escuras, como pulmão fumante em fim de vida, voando no céu azul. Muito barulho com alguns minutos de silêncio, minutos internos. Movimento retardado e retilíneo e uma enorme explosão. Parecia tempestade, parecia chuva caindo, parecia fim.

Alguma montanha distante, com nuvens claras pairando pelos coqueiros, água quente e muito calor. Uma aldeia distante, com pescadores mudos e casas sem pintura. Sem muito movimento, sem muita emoção. Parece agora recompensa, parece agora liberdade, parece agora começo.