terça-feira, 19 de outubro de 2010

Rótulo.

-Do latim rotulus, -i, pequena roda.
1.dístico, etiqueta, letreiro.
2.Dístico na lombada dos livros.
3.Ralo ou pequena grade em portas, janelas, etc.
4.Pergaminho em que se escrevia.
5.Designação ou característica definidora, geralmente de carácter! redutor, atribuída a algo ou alguém.

Somos rotulados? Nos rotulamos? Queremos nos rotular?

Eu sempre pensei nisto numa forma ampla, pensava que a vontade humana de se encaixar, como uma etiqueta dentro de uma roupa, seria na verdade o desejo humano de pertencer ao grupo dominante, seja ele o do meio artístico ou político e ou o que mais tivesse próximo da realidade cotidiana.
Mas foi pensando no verbo rotular que veio a idéia de coisa negativa, ninguém quer ser rotulado para ter a aparência da pessoa ao lado ou o pensamento, na verdade, a ambição de ser diferente é muito maior e parece que hoje em dia a juventude está tão vazia e sem identidade qu
e a única coisa que resta para solidificar um pouco de amor próprio é querer ser totalmente diferente da maioria.
Vejamos pelo viés histórico: os negros, os judeus, os povos pagãos, os comunistas, os cientistas... Todos perseguidos por um simples e único fato, eram diferentes, eram tão diferentes que traziam pavor e curiosidade para a maioria, ao mesmo tempo. A diferença já foi culpada por atos genocidas desde o tempo em que não havia o conceito de soberania. O que torna tudo complexo? A diferença que foi antagonista durante séculos agora se torna protagonista principal da trama contra o novo antagonista, a semelhança.


Eu queria entender o que torna uma pessoa inferior à outra por ser parecida com os demais, por possuir ideologias populares, por ser a Ana Júlia dos Los Hermanos ou por ser seguidora literal do populismo? O que a torna pior? Se é por falta de convicção que seja o trunfo da cartada contrária, pois se alguém deixa de gostar de algo por ser notoriamente a escolha de uma maioria, provavelmente não entende o valo
r sentido da palavra convicção. Se é por garantia da escolha não ter sido subjetivamente única da pessoa, como iremos saber? Afinal , a escolha é a base da democracia, não é?
Eu já ouvi e li alguma teoria dominante sobre isto, mas nada que tenha me feito pensar o porque devemos criticar o rótulo que cada um escolhe para si, seja por escolha própria ou por escolha da maioria, a vontade de ser igual ou diferente cabe a kátharsis.

Ps: Analisando melhor este pensamento, caímos num silogisma básico, pois se as correntes dominantes agora pregam que não se seja rotulado, você ao ser diferente , está se rotulando.



"Seja um poema, uma tela ou o que for, não procure ser diferente. O segredo único está em ser indiferente."
Mario Quintana